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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Das coisas que eu não aceito...

Por que a mulher não pode decidir o que fazer com o próprio corpo, mas pode ser violentada e massacrada diariamente?
Por que um homem não pode decidir amar outro homem e querer construir uma vida ao seu lado, mas pode trabalhar de sol a sol, feito um camelo, pra sustentar a mulher que ele nem decidiu se queria amar?
Por que não se pode pegar firme na criação das crianças, mas tudo bem deixá-las morrer de fome e viver em condições cada vez mais precárias?
Por que um homem negro não tem a mesma oportunidade que um branco, mas pode servir para fazer aquele trabalho inferior que o branco se recusa a realizar?

Por que as primeiras partes das frases parecem ser as mais importantes para algumas pessoas?! 

Acham um absurdo legalizar o aborto, mas nem ligam para o monte de crianças vivendo de maneira desumana...E também, pra que ligar?! Isso não o afeta...(ele acha!)
Mas a legalização do aborto sim! Fere os costumes, fere a moral. 
A legalização do casamento entre homossexuais ataca os valores familiares. Onde já se viu, uma criança ser criada por dois pais!
E você deixar o seu filho o dia todo com a babá, e pagar a fiança dele quando ele mata a pauladas um mendigo, ou atropela um cara que estava indo para o trabalho às 5h da manhã, é o que você considera valor familiar?! 
Ter um marido que é rico - e por isso considerado bom aos olhos da sociedade - mas te violenta, te traí, cospe na sua cara, te trata como uma escrava e você tem que esconder isso de todos em nome do carro que ele te dá, e da moral e bons costumes...é ter uma família? Isso é um bom costume?! 
Fora aquele aborto que você fez quando tinha 18 anos e que ninguém sabe, porque engravidou de um cara qualquer, e é inadmissível ter filhos antes do casamento, principalmente de um maconheiro como aquele...
Legalizar o uso da maconha, então?! Senhor! Não existe coisa mais atroz, não é mesmo?! "Esse bando de marginal!", ele diz, com o copo de uísque na mão, e seu filho tendo que fugir dos traficantes pra quem ele deve...

Melhor nem mencionar os padres pedófilos...

A verdade é que o moralismo, em sua maior parte imposto pela igreja, parece emburrecer os homens. Impor alguma coisa, obrigar-nos a seguir algo pré-estabelecido resulta em subversão, resulta em hipocrisia. Porque eu não quero fazer nada daquilo mas a sociedade diz que tenho que ter uma família...e que se eu for estuprada ou apanhar de um cara, é melhor que nem toque no assunto, por que é feio, e, vai saber se a culpa não foi minha. Bonito é empurrar a poeira pra debaixo do tapete, e manter o dedo sempre em riste acusando aqueles que fazem tudo aquilo que seus tapetes escondem.

Enxergo essas pessoas, que prezam pela "moral e bons costumes" sem ao menos se perguntar o que isso representa, ao atraso que nos condena, e à desigualdade cada vez maior que promove...os verdadeiros marginais da nossa sociedade. Os reais responsáveis ao que eles consideram marginalidade...Vivem à margem da realidade! E não têm a menor intenção de sair dessa posição confortável.

E aí, quem luta pela verdade, por condições mais dignas para todos, e mostra a realidade sem medo e sem pudor, é considerado subversivo. Revolucionário. Esquerdista. Socialista. Comunista. Demônio! E o pior, isso é considerado como sendo ruim!...Mas a verdade é que, se for pra considerar algo, que consideremos o que realmente importa!
Nunca na minha vida eu vou aceitar o fato de uma criança morrer de fome e de uma mulher ou um negro serem considerados inferiores...fora todo o resto! E nunca vou entender as pessoas vivendo confortavelmente com isso, sem perceber que também fazem parte disso e mais preocupadas com o vizinho que casou-se com um homem. 

Nunca vou aceitar!

E, por mais que você não queira acreditar que as pessoas vivam na miséria e que sofram discriminação, violência e exploração, porque é mais fácil viver no mundo da Disney!...Sim! Isso ainda acontece, e muito!...infelizmente...

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Triângulo

Há um terceiro elemento que não costuma aparecer muito por aqui.
Todos sabem. Sabemos da sua existência. Temos ciência.
Mesmo que, na maioria do tempo, ele pareça quase que insignificante, ele existe. Ela. Existe. E sabe. Não se esconde não. Embora tapemos cada vez mais os olhos. Tapamos o sol com a peneira. Fica tipo aquela poeirinha embaixo do tapete que você sabe que um dia terá que varrer.
Mas mais significante ainda do que sua existência, são as intenções por trás. Da música tocada. Do encontro marcado. Da bebida compartilhada.
Salta aos meus olhos tamanha estranheza ao que cometemos. Acometidos. Estranheza tanta que torna tudo tão natural. Naturalidade estranha que sentimos em situações absurdas. Absurdamente estranho sermos indiferentes a isso e nos sentirmos bem. E não termos freio. Parar. Não deixar que os olhos se cruzem tão fundo. Azul. Tirar as mãos dali. Parar de falar. De querer. De deixar. Tocar. Querer. Queremos estar perto. Parar. Parar, mas não dá. Sentimos. Só não sentimos muito. Sentimos que a sua insignificância e falta de graça aumentam ao passo que as afinidades e trocas se acentuam. E elas crescem. E tomam toda a nossa atenção. E o terceiro elemento. E a terça parte do triângulo. Some. Quase esqueci de continuar escrevendo sobre ele. Pensando. Lembrando do que sentimos. E ele vai sumindo, e tem que sumir mais. Porque aquela ponta que ele sustenta me cutuca, e cutuca forte. Faz ferida. E por mais que o esqueçamos, ele ainda existe...ela ainda existe...não?!
Não é tudo o que eu quero ouvir.